
O que é Ficção Científica?
Também é conhecida como “Literatura de Ideias”. Seus autores evitam se utilizar do sobrenatural (característico da fantasia) e se baseia em fatos científicos e reais para compor enredos ficcionais.
Deve conter uma extrapolação bem informada de fatos, princípios e tendências científicas, mesmo que a ciência apresentada nos enredos seja irreal, ainda não exista ou seja improvável.

“Fantasia é o impossível se tornando provável. Ficção científica é o improvável se tornando possível.”
Rod Serling, criador de The Twilight Zone
E qual a diferença entre Sci-fi e Fantasia?
Sci-fi são histórias de ficção baseadas em fatos científicos, ou então, tem como princípio a ciência.
Exemplo: mesmo que os cálculos não sejam apresentados aos leitores/espectadores, tudo ali tem um motivo. No filme Star Trek, de 2009, Scott não consegue transportar o Kirk e o Spock em velocidade de dobra porque ele não tinha o cálculo correto para colocar na máquina.
Já a fantasia, como o próprio nome diz, se trata de um mundo fantástico, onde se sabe que nada ali existe de verdade, mas também se assume que, em algum momento do espaço-tempo, aquele mundo existe/existiu/existirá, e tudo passa a ser mais crível.
Exemplo: ninguém questiona, por exemplo, o sistema de magia de Harry Potter, a existência de vampiros em Crepúsculo ou a magia dos feéricos em ACOTAR. Todo mundo já começa a consumir aquela história aceitando que aquilo é real para aquele mundo.
Mas… Star Wars é sci-fi… Não é?
Muitos podem pensar isso por causa da “rixa” entre Star Wars e Star Trek (principalmente pela popularização de ambas as franquias no fim da década de 1970 e começo de 1980), mas isso não quer dizer que sejam iguais.
Star Wars possui todos os elementos de sci-fi: as naves, as máquinas, os aliens, os planetas… mas tem também uma coisa que não se explica, que é a Força. Isso é algo que dá “poderes” para os Jedi, então, exatamente por isso, Star Wars não é sci-fi, e sim, fantasia 😉
O Mundo Punk
E não, eu não estou falando sobre o punk-rock (que eu odeio, por sinal), mas da variação punk que subgêneros de ficção científica levam no sufixo no nome.
“Punk” é uma daquelas palavras usadas de muitas maneiras para descrever tantas coisa que perdeu todo o significado.
A premissa básica do sci-fi punk é o foco na tecnologia, e qualquer coisa que venha antes do “punk”, define qual o tipo específico de tecnologia que estamos falando. Também há um elemento de rebelião, e os personagens principais costumam ser membros marginalizados da sociedade (sugerindo o significado original da palavra “punk”).
Os mais populares obedecem uma certa linha temporal, como você verá a seguir.
Caso se interesse por algum deles, é só clicar na imagem que você será redirecionado. 🙂
Sailpunk (1800-1850)
Sail = velas (geralmente de barcos)
Sailpunk é um subgênero de ficção especulativa que foca na vida no mar durante eras de exploração e pirataria. É mais uma divisão do steampunk, que pode ser levada até mesmo ao espaço.
Exemplos:
Steampunk (1850-1900)

São histórias ambientadas no passado, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na história real (ou em um universo com características similares), mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época.
Exemplos:
Dieselpunk (1900-1950)

Diesel = o combustível mesmo.
Em um sentido histórico, pode-se dizer que o dieselpunk fica entre o cyber e o steampunk – a tecnologia é coisa do século XX: motores a gás e arranha-céus. A narrativa de ficção pulp de meados do século é combinada com tecnologia anacrônica e uma boa dose de história alternativa.
Exemplos:
Cyberpunk (2050 – ∞)

Esse subgênero tem o enfoque de “alta tecnologia e baixa qualidade de vida” (“high tech, low life”). Os personagens do cyberpunk clássico são seres marginalizados, distanciados, solitários, geralmente em futuros distópicos onde a vida diária é impactada pela rápida mudança tecnológica, uma atmosfera de informação computadorizada ambígua e a modificação invasiva do corpo humano.
Exemplos:
Raypunk (1910-1930)

Ray = raio (x)
É um gênero que enfoque nos anos 1910-30 e seus temas recorrentes são lutas espaciais, tecnologia e alienígenas.
Basicamente é aquele cheio de papel alumínio e muita roupa prateada que salta à sua mente quando você pensa em sci-fi antigo.
Exemplos:
Atompunk (1950-1970)

Atom = átomo (como em guerra nuclear)
Tem sua linha do tempo formada durante a Guerra Fria, entre os anos de 1950 e 1970.
Seus temas são baseados em energia nuclear, na corrida espacial, na utopia que a Guerra Fria trouxe para todos, robôs, etc.
Exemplos:
Cassette Futurism (1970-1990)

Cassette = fitas cassete mesmo
Futurism = futurismo
Também conhecido por Retrofuturismo, tem sua linha temporal baseada nas décadas de 1970 e 1990 e tudo é baseado na tecnologia do fim dos anos 1970: VHS, formas geométricas, sintetizadores e computadores do tipo IBM.
Exemplos:
Biopunk

É um dos subgêneros da ficção científica que se situa em um futuro não tão distante assim, onde o foco é a engenharia genética e o aprimoramento biológico.
Exemplos:
Nanopunk

É especialmente similar com o biopunk, mas descreve um mundo onde partículas nano e bio-nanotecnologia são amplamente utilizadas e as nanotecnologias são forças predominantes na sociedade.
Nesse gênero, a nanotecnologia é praticamente indistinguível da magia.
Exemplos:
Outros tipos de “punk” em ficção científica
Também é importante mencionar que, conforme o tempo passa, outros tantos subgêneros de sci-fi vão aparecendo e, muitas vezes, se misturando com a fantasia. Aqui estão outros tantos tipos diferentes (e que, ainda assim, não contempla todos os existentes):
- Mannerpunk (manner = boas maneiras) – comédia romântica (com elementos de romances de época, como hierarquias e costumes vitorianos) com elementos fantásticos, como dragões, demônios e/ou fadas. O gênero monster romance e alguns romances paranormais também podem ser catalogados como mannerpunk, desde que se mantenham os elementos de romance de época. Exemplos: Scales and Sensibility, por Stephanie Burgis, The Lord of Stariel, por A. J. Lancaster e Sorcerer to the Crown, por Zen Cho.
- Splatterpunk (splatter = respingo de um líquido pegajoso ou viscoso, geralmente sangue) – um tipo de terror gore/slasher onde as descrições gráficas de terror corporal e violência extrema, geralmente sem limites. É pra quem estômago, realmente. Exemplos: A Garota da Casa ao Lado, por Jack Ketchum, The Devil, the Witch and the Whore, por Amy Cross e O Livro Maldito, por David Herick e Van R Souza.
- Greenpunk (green = verde) – são histórias que contém energia limpa, tecnologia de baixo impacto e algumas poucas pegadas de carbono. Mostra que a humanidade passou pelas mudanças climáticas com sucesso. É basicamente o sonho utópico de todo ambientalista. Exemplos: Crónicas Verdes, por Obitual Pérez, The Vitruvian Entity, por PA. Nicol e La Estrella, por Javi Araguz e Isabel Hierro.
- Solarpunk (solar = referente ao sol) – histórias nas quais o sol é a fonte de energia. Também giram em torno da sustentabilidade mundial e envolvem questões como as mudanças climáticas, a poluição e a desigualdade social. Exemplos: a antologia Solarpunk – Histórias ecológicas e fantásticas em um mundo sustentável, a antologia Glass and Gardens: Solarpunk Summers e a antologia Wings of Renewal, organizada por Claude Arseneault e Brenda J. Pierson.
- Lunarpunk (lunar = referente à lua) – basicamente, é o exato oposto ao solarpunk. Biomimética de criaturas bioluminescentes, mantos com temas de mariposas e tecidos finos esvoaçando na brisa noturna são algumas das influências estéticas. Ele é mais um gênero de personagens ou um estilo de cosplay. Exemplos: o filme Avatar, o Morfeu, de O Lado Mais Sombrio, de A. G. Howard e a Ravena, de Os Jovens Titans.
- Hydropunk (hydro = água) – é a ficção lidando com a perda de água potável. Exemplos: Tank Girl, a antologia Hydropunk: A Drowned Century, organizada por Giovanni Grotto e o videogame Hydropunk.
- Aetherpunk (ou magicpunk) (aether = éter / etéreo, mágico) – é provavelmente um dos gêneros punk mais diversos. A magia de alta fantasia cria tecnologia mais condizente com um mundo de ficção científica, de naves celestes mágicas a armas mágicas. Exemplos: Thief’s Magic, por Trudi Canavan, Chasing the Lantern, por Jonathon Burgess e The Aeronaut’s Windlass, por Jim Butcher.
- Mythpunk (myth = mito) – é uma mistura de histórias pré-modernas e folclores de várias tradições. Exemplos: A Menina que Navegou ao Reino Encantado no Barco que ela Mesma Fez, por Catherynne M. Valente, O Labirinto do Fauno, por Cornelia Funke e Guillermo del Toro e The Time Roads, por Beth Bernobich.
- Elfpunk (elf = elfos) – fantasia urbana que transporta fadas e elfos para os dias de “hoje”. Exemplos: O Príncipe Cruel, por Holly Black, Wicked, por Gregory Maguire e a animação Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, da Pixar.
- Postcyberpunk – Pós-cyberpunk descreve um sub-gênero da literatura de ficção científica que se supõe emergido do movimento cyberpunk. Exemplos: Rio 2054: Os Filhos da Revolução, por Jorge Lourenço, Transmetropolitan, por Warren Ellis e Darick Robertson e Distraction de Bruce Sterling.
- Cybernoir – também conhecido como tech-noir, apresenta a tecnologia como uma força destrutiva e distópica que ameaça todos os aspectos de nossa realidade. É particularmente utilizado no cinema. Exemplos: O Exterminador do Futuro, Os Doze Macacos e Admirável Mundo Novo, por Aldous Huxley.
- Clockpunk (clock = relógio) – é um sub-sub gênero, pois se deriva do steampunk. Envolve mecanismos de relógio mecânico artístico e é baseado na era renascentista. Nas histórias clockpunk, engrenagens e máquinas simples predominam”, podendo ser apresentadas “tanto em máquinas pesadas” quanto em “dispositivos portáteis. O estilo visual baseia-se nas eras renascentista e barroca, de modo que os mecanismos serão tipicamente decorados com decorações intrincadas e esculturas, fazendo algumas máquinas de aparência muito bonita. Exemplos: A Invenção de Hugo Cabret, por Brian Selznick, Os Anjos do Tempo, por Kevin J. Anderson e a série de filmes Hellboy.
- Silkpunk (silk = seda) – é uma mistura de ficção científica e fantasia. Inspira-se na antiguidade clássica do Leste Asiático. Possui tecnologias como pipas de batalha que levantam duelistas no ar, dirigíveis de bambu e seda impulsionados por gigantes ramos emplumados, barcos subaquáticos que nadam como baleias impulsionadas por máquinas de vapor primitivas e máquinas de escavação de túnel reforçadas com conhecimento de ervas, assim como também há elementos de fantasia, como os deuses que brigam e manipulam, livros mágicos que nos dizem o que está em nossos corações, animais gigantes da água que trazem tempestades e guiam marinheiros com segurança para as costas e ilusionistas que manipulam a fumaça para perscrutar as mentes dos adversários. Exemplos: The Grace Kings, por Ken Liu, Romance of the Three Kingdoms, por Luo Guanzhong e The Black Tides of Heaven, por Neon Yang.
- Decopunk (deco = gênero artísitico art déco) – esse na verdade é um sub-sub gênero, pois é derivado do dieselpunk. Tem uma estética mais elegante e brilhante em comparação com o Dieselpunk, que tende a ser mais sombria e sombria. Muitas vezes, usa tecnologia um pouco mais moderna como fitas VHS. Exemplos: Os Incríveis, animação da Pixar, o videogame Close to the Sun e o livro The City Darkens, por Sophia Martin
- Steelpunk (steel = aço) – centra-se nas tecnologias que tiveram seu apogeu no final do século 20. é caracterizado como sendo sobre hardware, não software, o mundo real não o mundo virtual, megatecnologia não nanotecnologia. Os artefatos de Steelpunk não são cultivados, impressos ou programados, eles são construídos. Com rebites. Exemplos: a animação Robôs, da Fox, o filme Mad Max e o livro The Unbroken Truth, por Lukas Lundh.
- Islandpunk (island = ilha) – Islandpunk é um subgênero retrofuturista do cyberpunk que inclui narrativas ambientadas em ilhas. Tais narrativas utilizam tecnologias baseadas em ilhas e os locais das ilhas para fazer suas declarações temáticas. Especificamente, seus protagonistas costumam construir tecnologias anacrônicas a partir de materiais como paus, folhas e côcos. Exemplos: A Ilha, por Aldous Huxley, Robson Crusoé, por Daniel Defoe e o filme Náufrago.
- Rococopunk (rococó = estilo artístico) – é um derivado estético caprichoso do cyberpunk que empurra a atitude punk para o período rococó, também conhecido como período barroco tardio, do século XVIII. Como o lunarpunk, ele é mais um estilo de vestimenta do que um gênero (ou pelo menos é novo o suficiente para que não existam mídias sobre ainda), então o mais que se assemelha a ele é o clipe Áudio de Desculpas, da cantora Manu Gavassi e o clipe Tea Party, da cantora Kerli.
- Stonepunk (stone = pedra) – também conhecido como ficção pré-histórica, o Stonepunk refere-se a obras ambientadas aproximadamente durante a Idade da Pedra em que os personagens utilizam a tecnologia da era da Revolução Neolítica construída a partir de materiais mais ou menos consistentes com o período de tempo, mas possuindo complexidade e função anacrônicas. Exemplos: o clássico Os Flintstones, a série Earth’s Children, por Jean M. Auel e o filme 10.000 A. C.
- Nowpunk (now = agora) – ficção contemporânea que se passa no período de tempo (particularmente na década de 1990 pós-Guerra Fria até o presente, ou um futuro em que esse período de tempo específico é influente) em que a ficção está sendo publicada. São ficções que parecem cyberpunk mas que se inserem num paradigma tecnológico e numa linha do tempo que não difere daquela em que vivemos. Exemplos: The Zenith Angle, por Bruce Sterling, Scott Pilgrim Contra o Mundo, por Bryan Lee O’Malley e a série Mr. Robot.
Indicações de Livros de Sci-Fi
Agora vamos para a parte boa, onde a gente começa a ver tudo o que leu aqui em prática (ainda que por fora de todos os exemplos que eu já passei ai em cima 🙂