“Nossas Horas Felizes”, por Gong Ji-Young

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Ficha Técnica:

Título: Nossas Horas Felizes

Título Original: 우리들의 행복한 시간 (Our Happy Time)

País: Coréia do Sul

Autora: Gong Ji-Young

Gênero: Drama

Ano de Publicação: 2005

Editora: Record

Páginas: 280

Rating: ⭐⭐⭐⭐⭐

Sinopse:

Yujeong é uma jovem da alta sociedade coreana que, indiferente a tudo e a todos e incapaz de se entender com a própria família, não consegue encontrar um sentido para sua vida. Depois de três tentativas frustradas de suicídio, ela acaba definhando entre o álcool e o desespero. Seus familiares, por outro lado, não se esforçam para entendê-la, a não ser sua tia, a irmã Mônica, com quem sempre teve uma ligação especial.

Disposta a fazer o que for preciso para que Yujeong volte a sentir vontade de viver, a freira sugere à sobrinha que as duas façam semanalmente uma visita a um preso no corredor da morte. E então elas conhecem Yunsu, um homem que anseia deixar este mundo por acreditar que só assim conseguirá se redimir de seus pecados. Apesar de sua origem humilde, ele e Yujeong têm algo em comum: um triste passado de abusos físicos e psicológicos.

Aos poucos, durante os encontros na prisão, os dois jovens atormentados revelam um ao outro seus segredos mais obscuros e seus traumas do passado, criando uma conexão inesperada, que gradualmente desperta nessas duas pobres almas o desejo de viver. Mas as mãos de Yunsu estão sempre algemadas, os guardas estão constantemente por perto, e Yujeong sabe que aquelas horas felizes juntos podem ser tragicamente curtas.

~Minha Opinião~

Eu ganhei de Natal a assinatura anual do Clube de Romance da Carina (Rissi, no caso) e acabei recebendo, na primeira, um livro que eu já tinha, então troquei por Nossas Horas Felizes. Não dei nada por ele, achei que seria um romance normal. Peguei só porque a autora é coreana.

Mas quando ele chegou em casa, alguma coisa me dizia: “Pega. Lê ele agora. Pula todos sete livros que você começou e não terminou e lê ele.”

Eu levei três dias para começar ele de fato (dormia na segunda página). Mas quando a leitura engatou, eu não conseguia largar ele de forma alguma.

A história intercala duas linhas do tempo: a infância de Yunsu, condenado à pena de morte, e a história de Yujeong, que passa pela terceira tentativa de suicídio.

Com uma mãe completamente insensível (e instável) e se descobrindo igualmente arrogante e egoísta, Yujeong tem uma escolha: ser internada em uma clínica psiquiátrica, onde seu tio cuidaria dela (e ele só fala que ela deveria chorar mais) OU ir, uma vez por semana durante um mês, visitar os prisioneiros do corredor da morte com sua tia Monica, uma freira.

Conforme o tempo vai passando e por eles não poderem conversar sobre o caso de Yunsu, ele e Yujeong passam a se conhecer melhor. Ele percebe que ela é a idol favorita do seu irmãozinho e ela percebe que talvez ele não seja tão culpado assim.

Ambos anseiam pelas visitas semanais e, aos poucos, vemos ambos desenvolverem sentimentos especiais um pelo outro, mesmo sabendo que a condenação de Yunsu poderia vir no dia seguinte.

O livro não fala só sobre duas pessoas se apaixonando ou sobre a pena de morte na Coréia. Ele fala sobre autoconhecimento, sobre entender quem você é e sobre perceber o quanto as suas atitudes atingem os outros (ou deixam de atingir).

A construção da personagem principal é absurdamente fantástica e a história do protagonista é dilacerante.

Nossas Horas Felizes também possui um filme, de 2006, que chama Maundy Thrusday (algo como Quinta-Feira-Santa), porque é o dia em que a pena de Yunsu é executada, e está disponível apenas no Youtube (em coreano, com a legenda em inglês – você pode assistir aqui).

Esse livro entrou, tranquilamente, para aquela lista de “me destruiu, cinco estrelas”.

~Quotes (do tipo marca só o que é importante e aí grifa o livro inteiro)~

“Por que coisas voas continuam acontecendo àqueles que odeio? Por que o mundo continua me irritando e se recusando a me dar uma mísera migalha de felicidade?”

“É possível que eu tenha sentido um pouco de ciúmes dela, assim como sentia ciúmes de todos que tinham fé e convicção, um senso de que o que estavam fazendo era certo.”

“Eu queria jogar minha vida inteira no lixo. Queria gritar pro mundo: “É isso mesmo, sou um lixo! Sou um fracasso! E não tenho salvação.”

“Não havia fim para o inesperado e o surpreendente. Não neste lugar.”

“Ser humano não quer dizer que mudamos ao encarar a more, mas por que somos humanos, podemos nos arrepender de nossos erros e nos tornar novas pessoas.”

“O motivo pelo qual eu odiava minha mãe e o restante de nossa família não era porque eles se gabavam de serem cultos e artísticos, com ares de quem diz que dinheiro não é tudo, camuflando o próprio esnobismo de uma forma bem previsível. Eu os odiava porque, mesmo que todos se sentissem vulneráveis e solitários até não poder mais quando ficavam sozinhos à noite, eles tinham muitas ferramentas e oportunidades ao dispor para ajudá-los a disfarçar os próprios sentimentos e assim prová-los da chance de encarar a própria solidão, a mesquinharia e o isolamento. Em resumo, estavam perdendo a chance de encarar a vida de cabeça erguida.”

“Tive todas as coisas que as outras pessoas não têm e comi tudo o que a maioria não come, mas não me lembro de já ter me sentido feliz.”

“Só mais tarde percebi a ironia de dar soro a alguém condenado à morte para evitar que ele morresse.”

“Vocês fazem todas as coisas ruins que querem e daí vão à igreja e pedem perdão e pronto! Que hipócritas!”

“Elas acham que podem tratar os outros mal, enquanto ainda se veem como pessoas relativamente boas por dentro. Ao mesmo tempo que agem de forma mesquinha, lá no fundo esperam que os outros percebam que são boas pessoas.”

“Quando alguém diz que quer morrer, o que realmente quer dizer é Não quero viver dessa forma.”

“Saber não significa nada. Algumas vezes, saber é pior que não saber. O mais importante é perceber. Há uma diferença entre saber e perceber, e a percepção só vem com o sofrimento.”

“Pensei Talvez eu realmente seja uma pessoa sem valor, e fiquei arrepiada. Como Yunsu, fiquei apavorada ao perceber o que estava sentindo.”

“Sem terminar o ensino básico, a cadeia me proporcionou uma educação abrangente. Ali, eu me formei na arte do crime com especialização dupla em ódio e vingança.”

“Estar acostumado à traição não queria dizer que a traição não magoasse, e só porque alguém estava acostumado a cair, não significava que seria fácil levantá-lo da próxima vez.”

“Também foi a primeira vez que me dei conta de que alguém pode ir para a escola num lugar incrível como a França, estudar arte, se tornar uma professora, ser de uma família rica e ainda assim não ser feliz.”

“Aqueles que têm tudo são os mais pobres de todos.”

“Todo mundo é tanto feliz quanto infeliz, em alguma medida.”

“Talvez mãe, no fim das contas, fosse apenas outra palavra para amor.”

“Se eu pensasse que ele merecia morrer porque era escória e o tivesse enforcado, isso teria sido assassinato? E, se depois eu fosse presa e enforcada por assassinato, isso teria sido injustiça? Em ambos os casos, um ser humano está decidindo que outro ser humano merece morrer. É um ser humano sendo morto sendo morto por outro ser humano. mas, de acordo com você, um caso é assassinato, e o outro é execução.”

“Porque, como meu tipo havia dito, em sua triste voz, era preciso sofrer para evoluir.”

“Nenhum de nós é totalmente bom. ninguém é completamente inocente. Algumas pessoas são apenas um pouco melhores, e outras, um pouco piores.”

Sobre GabisNika | Gabriela Resende - Escritora

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