
Ficha Técnica:
Título: Amor É Só Uma Palavra
Título original: Lieb ist nur ein Wort
País: Alemanha
Autor: J. M. Simmel
Gênero: Romance/Drama
Ano de publicação: 1963
Editora: Nova Fronteira
Edição: Capa dura com licença editorial para o Círculo do Livro.
Páginas: 591
Rating: ⭐⭐ + 0,5
O livro se passa em 1960, em uma Alemanha pós guerra. O que é bem explicito é que nenhum alemão sabe ainda muito bem o que fazer em relação à Segunda Guerra Mundial. Alguns ex oficiais, os sobreviventes à Nuremberg, se mantiveram em cargos de poder e continuaram com a mentalidade anti semita. Os filhos dos que sobreviveram ou, como é o caso do nosso protagonista, Oliver, que estão foragidos, tentam levar uma vida normal, sem se envolver muito com o que aconteceu.
O livro começa com uma cena de um suicídio e um manuscrito entregue para o maior hipocondríaco de Frankfurt que, por acaso, também é o maior editor da Alemanha.
Mas vamos falar sobre nosso personagem principal e autor do livro entregue ao editor hipocondríaco, Oliver Mansfeld. Ele é filho de um empresário foragido por ter roubado a fazenda alemã em 12 milhões de marcos alemães. Não mantém uma boa relação com o pai porque ele e sua não tão querida madrasta, a quem seu pai o fazia chamar “tia Lizzy” trancafiaram sua mãe em um sanatório, sendo que o sr Mansfeld havia feito sua fortuna com base no que a família dela tinha.
Ao retornar de Luxemburgo, onde era obrigado pelos internatos que estudava a passar as férias com seu pai, já no aeroporto conhece uma moça de nome Verena. E, a partir desse encontro, as coisas vão se desenrolando. Um amor fulgaz nasce em Oliver, o que o faz ajudar Verena em diversas situações.
Depois de muita conversa, Oliver e Verena encontram uma “casinha” de uma amiga de Verena para se encontrarem. Seus encontros tiveram que dar a pausa das férias de inverno, onde Oliver retorna a Luxemburgo para a casa do pai com um presente do sr Manfred Lord para o velho e para ver sua mãe, que ainda se encontra em um sanatório.
Enquanto isso, na escola, aconteceu uma das melhores cenas do livro: um professor de história anti-nazista havia sido denunciado pelo filho de um ex-General e estava para ser expulso. A pedido do Dr Florian, Oliver pede para que façam uma votação entre os alunos sobre quem gostaria de manter o Dr Frey como professor no instituto. Depois da votação, os estudantes decidem fazer uma greve seguindo o conselho de um aluno italiano, filho de um homem que havia sido preso acusado de comunismo: nenhum deles iria à aula até que fosse confirmada a permanência do Dr Frey. Seguiu-se a greve e alguns alunos com contatos importantes, chamaram jornais ingleses para noticiarem o movimento. Após 5 dias, os alunos contra a greve sairam do internato e o professor se manteve em seu cargo.
Foi uma cena bonita e digna de menção porque mostrou que a segunda geração pós-Segunda Guerra, veio para revolucionar e não compartilhava os ideais de seus pais. Eles queriam mostrar para o mundo que a Alemanha não era mais da forma como era durante a guerra, então, na minha opinião, foi uma cena gostosa de ler e analisar, com os olhos de 2020,como a sociedade de 1960 estava se organizando nesse cenário pós-guerra.
Bom, voltando à história principal, Oliver começa a cair em várias chantagens de pessoas que descobriram seu romance com Verena: Leo, o mordomo do Sr Lord (alegando que tem várias provas de casos antigos de Verena e deles também), Geraldine, uma menina obcecada por ele (que sente raiva de Oliver tê-la trocado por Verena) e Hansi, seu “irmão” do internato (que sente ciúmes por Oliver ajudar outros meninos no internato, especialmente um pequeno príncipe persa que estuda lá de nome Rachid).
A pressão sobre o menino era imensa, mas conseguiu segurar seus ânimos e manter seu caso com sua amada, apesar das parcas condições em que se encontravam e do Sr Lord sempre chamá-lo para jantares e festas em sua casa.
Com a chegada das férias de inverno, o sr Lord pede que Oliver mande um livro para seu pai. O menino então folheia o objeto em seu voo para Luxemburgo e percebe que algumas letras haviam sido espetadas levemente com um alfinete, demonstrando alguma mensagem codificada. Em Luxemburgo, seu pai pede que faca o mesmo: leve um livro para o sr Lord. Na viagem de volta à Alemanha, Oliver percebe o mesmo código. Ao chegar no internato, ele tira fotos do livro para manter de prova.
Ele passa então os 6 meses subsequentes em uma sensação etérea, tentando entender, ao mesmo tempo, seu sentimento forte e convicto por Verena, sua situação com o Sr Lord e todas as chantagens pelas quais ele estava passando.
Em suas férias de Verão, ele vai até a ilha de Elba, na Itália, bêbado e de carona com uma mulher rica e mais velha que só queria companhia e alguém que lhe ouvisse. E então, se encontra com Verena na casa de férias do Sr Lord. Passam lá por quase todo o verão, fazendo amor na casa, no barco, na praia e em todos os lugares.
Oliver consegue um pequeno emprego como revelador de fotos, tudo para comprar uma pulseira para Verena. Até que um dia, a mulher que havia o levado até Elba aparece na lojinha onde Oliver estava trabalhando e o intima para um jantar. Chegando lá, Oliver é apresentado a dois casais de amigos da senhora: um casal nunca lhe havia sido apresentado e o outro eram somente o Sr e a Sra Lord.
Oliver e Verena entram em pânico, mas, aparentemente, conseguem contornar a situação. Ao retornarem à Frankfurt, em agosto de 1961, ambos descobrem que a casa onde se encontravam havia sido assaltada e queimada por ladrões e começam a se consultar com uma freira que lhes diz, depois de alguns meses, que o melhor seria que eles mesmos contassem ao Sr Lord sobre o caso e então rezar para que ele concordasse com um divórcio amigável.
Ao conversarem com o marido de Verena, o mesmo lhe explicou então que já sabia do caso há pelo menos 1 ano. Oliver e Verena não sabem como reagir e então Manfred Lord lhes conta tudo: de como Leo, o mordomo, havia chantageado Oliver a pedido dele e de como Geraldine havia se mancomunado com o irmão de Verena, Otto, para seguir-lhes por toda Elba e tirar-lhes fotos para que, caso eles nao lhe dessem as fotos que Oliver havia tirado das páginas dos livros de seu pai, ele poderia acusá-lo de adultério (o que, pelo o que me pareceu, na época era um crime na Alemanha e a pessoa não poderia se casar com o outro acusado de adultério, mesmo após o divórcio).
E então, para a completa surpresa de todos, Manfred aceita dar o divórcio para Verena. Diz sair da casa e deixa a casa livre para que eles passem o ano novo juntos.
Após o jantar de ano novo, Oliver vai para Luxemburgo visitar sua mãe, que já está muito debilitada no sanatório no qual seu pai, o sr Mansfeld, a havia trancafiado.
Seu manuscrito termina com um último telefonema de Verena, dizendo que tudo estava bem e que logo estariam juntos.
No epílogo, se apresenta, novamente, a investigação do caso. O Sr Lazarus, o editor hipocondríaco acaba seguindo o detetive do caso para fazer as perguntas.
Ao chegar na casa do Sr Lord, tenta interrogar Verena, mas ela havia cortado seus pulsos em uma tentativa de suicídio, mas Manfred e Leo haviam feito curativos e agora ela estava bem. Verena, ao responder às perguntas dos investigadores, mais parecia um robô, com respostas automáticas para tudo. Eles então, interrogaram o Sr Lord, que contou sua versão do que ocorreu: quando Oliver saiu de sua casa, no dia em que ele havia dito que daria a Verena o divórcio, ele resolveu ter uma conversa com sua esposa. Nessa conversa, ele afirmava que, por ter 30% do capital das empresas afiliadas do pai de Oliver, Oliver jamais conseguiria um emprego na Alemanha, pois ele não deixaria e deixou claro para Verena que ela sairia de seu casamento da mesma forma como entrara: sem um centavo.
Verena até tentou ser corajosa em relação ao seu relacionamento com Oliver, mas ao pensar em Evelyn e na possibilidade de voltar a ser pobre e não ter dinheiro para comer novamente e concordou com os termos de Manfred.
Na volta de sua viagem, Oliver pediu que Rachid o fosse buscar no aeroporto. Deixou o pequeno príncipe no internato e foi se encontrar com Verena no torreão, onde se encontravam antes da casinha da amiga da moça. Ao chegar, viu Verena sozinha e questionou sobre Evelyn e Assad, o buldogue de Evelyn.
Verena então lhe informou que tudo entre eles estava acabado e deu-lhe uma carta, onde explicava tudo. Simplesmente saiu e Oliver tentando entender o que acontecia, pegou-lhe pelo braço e ela puxou-o de volta dizendo que aquela carta era a pior coisa que já havia feito e saiu pela porta.
Oliver leu a carta e sentou-se no chão. A partir daí, não sabe-se o que pensou o menino, pois o ponto de vista é do Sr Lord, que saiu das sombras para confrontar Oliver, mas o mesmo nem se mexeu.
Manfred o bateu, chutou e mesmo assim, Oliver não reagiu. Ele então disse que era pra ele ficar longe de Verena e foi-se embora.
Os eventos seguintes são nublados, pois não havia ninguém que pudesse dizer o que havia acontecido de verdade. O que foi apurado pela polícia foi que havia sangue de Oliver no carro, na escada e no chão entre o torreão e o carro. Logo após isso, Oliver havia entao se enforcado no torreão.
Apesar do manuscrito de Oliver ter chegado nas mãos da polícia de uma forma ou de outra, não haviam provas concretas nem sobre a comunicação clandestina entre o sr Lord e o sr Mansfeld e nem sobre seu conteúdo e ele então não serviria de prova para nenhum caso.
O próprio inspetor então aceita que não queria puxar uma briga com Manfred Lord, por ser um homem muito rico, confirma isso com o sr Lazarus (o editor) e então queima o manuscrito, colocando o ponto final na história de Verena e Oliver.
Minha opinião:
Não tenho outra palavra para descrever esse livro além de “enrolação pura”. São descritas cenas de, literalmente, revirar os olhos e não estou dizendo do jeito bom. É um romance fadado ao fracasso desde o começo e não prende o leitor.
Eu sou uma amante de clichês e finais felizes, mas sei também que não se pode esperar um final feliz para sempre. Mas depois de tantas digressões e quase 600 páginas, era merecido um final feliz para eles.
Na metade do livro, eu já estava me forçando a terminá-lo. É o tipo de história que a gente acompanha apenas para saber se Oliver havia se matado mesmo ou se alguém o havia assassinado. Só começa a ficar legal no final, quando o Sr Lord “descobre” sobre o caso de Verena e Oliver, mas o fato de ela o abandonar por dinheiro e por ele ter se matado por amor só fez com que o fim se tornasse pior que o próprio enredo.
Então, infelizmente, nossa história acabou aqui, livrinho (que de “inho” não tem nada). Sou adepta do nunca diga nunca, mas as chances de eu lê-lo novamente são bem baixas.
Fun Fact: o livro foi adaptado para o cinema alemão por duas vezes: uma em 1971 e outra em 2010.
O de 1971 foi estrelado por Judy Winter no papel de Verena, Herbert Fleischmann no papel de Manfred e Malte Thorsten como Oliver. O interessante que é que, nessa versão, o sobrenome de Verena e Manfred é Agenfort e não Lord. Esse aparenta ser mais fiel ao livro, pelas imagens.

O segundo filme, também alemão, foi lançado em 2010 e aparenta fugir bastante da história original, mantendo somente a essência de Verena ser casada e mais velha e Oliver ser um aluno. É ambientado nos dias atuais. Estrelado por Nadeshda Brennicke no papel de Verena, Vinzenz Kiefer no papel de Oliver e Miroslav Nemec no papel de Manfred.